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Mais um programa à nossa medida.

No dia 13 passado arrancou o programa AconteSer que reúne a ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores), a CIP, o IAPMEI e a APIFARMA, cujo objectivo é contribuir para a melhoria da competitividade das empresas nacionais através de instrumentos de gestão responsáveis.
Para isso, o programa assume três compromissos: a) pagar a horas aos fornecedores; b) especial atenção ao projecto de vida dos colaboradores e; c) estabelecer o equilíbrio entre a profissão/vida familiar.

Compreendendo a boa vontade dos promotores, cujos interesses próprios estarão certamente estabelecidos no programa, à boa maneira liberal, e faço jus à questão de honra no cumprimento dos prazos de pagamentos. Mas, nesta matéria, há aqui que separar as empresas das empresas. Isto é: Que empresas não financeiras fazem do seu core um negócio financeiro asfixiando os fornecedores/devedores? Certamente que á cabeça (excluindo o Estado, não em sentido epistemológico, mas empresarial e com rostos) vêm os monopólios instalados que, se os ouvíssemos, acenariam com a má consciência da empregabilidade. O problema da liquidez está identificado há muito tempo e a sua resolução passa apenas pela acção coerciva no cumprimento de legislação, mas neste, como em tantos outros por cá, uma mão vai lavando a outra. 

Há de facto, também, uma contra-natura da culturalidade empresarial nacional. Desde quando é que os empresários portugueses consideram que o bem-estar dos seus colaboradores é factor critico para a competitividade das empresas? A cenoura e o chicote continuam a fazer parte das nossas boas práticas de gestão.A realidade é que as avaliações de competências continuam apenas a ser vertidas no factor de quantidade e fidelidade muda. Tempo dispendido dentro da empresa e disponibilidade para fazer sem saber/fazer, claro! A questão da motivação e bem-estar dos colaboradores, nesta fase, está decididamente e infelizmente desanexada das práticas de gestão onde a focalização na sobrevivência enche o copo.
Por fim é indispensável verificar que o afastamento, nestes programas, de uma alargamento vertical/horizontal da discussão e da implementação, continua a condicionar uma abordagem holística do problema. E é por isso que continuamos sós, mas felizes.

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