Avançar para o conteúdo principal

A arrogância que nos implica

Num artigo recente, publicado na revista Nature, Dominic Johnson e James Fowler mostram que o excesso de confiança está disperso largamente pela humanidade. Isto é, as pessoas geralmente fazem uma leitura errada da realidade e têm uma opinião de si próprias e das suas opiniões acima do que deveria ser normal.
Este excesso de confiança pode evoluir tanto nos cenários de sucessos como nos cenários em que o fracasso é evidente, levando as pessoas inevitavelmente ao abismo.
Segundo os investigadores, esta característica terá sido a culpada, no passado, pela 1ª Guerra Mundial, pela Guerra do Vietname, pela Guerra no Iraque e também pela crise financeira de 2008.
Segundo Francisco Santos, já se conseguiu mostrar que a contenção dos danos está directamente relacionada com a percepção do risco que as pessoas têm e que esse efeito pode ser influenciado, negativamente, pelo excesso de confiança.
E faz todo o sentido.
O traço que predomina na arrogância é a não conformidade que quando associada ao carácter de uma atitude prepotente ou desprezante em relação aos outros “ofusca” a percepção da realidade.
A super valorização de si mesmo facilmente se transforma em narcisismo o que provoca uma distorção na percepção acerca dos factos e das pessoas.
Dificilmente se consegue “acordar” uma pessoa arrogante da sua realidade pelo que é fundamental avaliarmos constantemente a nossa consciência.
Solomon defende que a integridade e a humildade levam ao sucesso das pessoas enquanto integradas numa equipa e munidos de ética profissional. Quando a humildade é em excesso passamos a ser humilhados e quando é incompleta somos arrogantes. Por isso é que a não conformidade deverá ser usada com equilíbrio para que seja factor de crescimento e motivação.
Este é um dos problemas actuais que faz a diferença entre os líderes de hoje e os de ontem. A incapacidade de fazer da humildade um princípio ético impossibilita-os de reconhecer que nenhuma verdade é absoluta e que existem outros caminhos para além desta austeridade económica que levará à desagregação europeia e contracção nacionalista.
A ilusão da conformidade económica que a todos move não é mais do que a dissimulação da arrogância política que a todos nos implica.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Erros na Avaliação de Desempenho

Estamos em final de ano o que significa que mais uma vez vamos ser avaliados no nosso desempenho anual. Aos avaliadores nunca é demais relembrar os erros (mais) comuns na Avaliação de Desempenho, situando as devidas adaptações de cada método em causa, de forma a tomar consciência que as distorções, mesmo que involuntárias, podem provocar a diminuição da objectividade e efeitos pretendidos com o processo. Aqui vão os erros mais comuns: Efeito de Halo/Horn – Tendência para alargar a todo o desempenho aspectos positivos ou negativos desse desempenho. O avaliador generaliza a todo o desempenho uma opinião favorável (Halo) ou desfavorável (Horn) de uma característica isolada ou comportamento especifico. Tendência Central – Tendência para atribuir nota média, evitando classificações baixas com receio de prejudicar ou elevadas com receio de se comprometer para o ano seguinte. Efeito de Recenticidade – Tendência para dar relevância a situações recentes que marcaram o desempe

Cheleiros - Cascata de Anços - Cheleiros

Percurso circular com cerca de 13 Km. Dificuldade moderada. Data: 15/05/2017 Duração: 4h50m O trilho tem inicio em Cheleiros junto ao edificio da Junta de Freguesia. Atravessa-se a estrada principal e segue-se descendo até ao rio. Sempre por dentro da vila, passa-se pela Casa da Paz (fotos). Inicio do percurso em Cheleiros. Casa da Paz. Indicação de alguns sitios interessantes ao longo do percurso Chegando à ponte vira-se à esquerda iniciando o trilho propriamente dito. Depois de 1,5Km e de uma subida com cerca 150m chegamos à aldeia da Mata Pequena que se situa em plena Zona de Protecção Especial do penedo do Lexim. Sempre bela e em diversos preparativos para o período de férias. Depois de uma visita e de algumas fotos, lá seguimos o trilho que nos levaria ao Penedo de Lexim, troço que é na ordem dos 4 km e subida a uma quota de 270.  As vistas são soberbas. Aqui o trilh

Pelo Vale da Ribeira do Mogo

08/11/2017 Percurso circular com uma extensão de 13,5Km (concelho de Alcobaça). Iniciei na Chiqueda Grande, junto à ponte sobre o Rio Alcoa, cuja nascente cársica fica um pouco mais acima e é uma das mais importantes da região pelo seu caudal extenso. Foi feito no sentido contrario aos ponteiros do relógio o que permitiu entrar logo no Vale e evitar uma subida bastante acentuada. Este Vale da Ribeira do Mogo situa-se no sopé da vertente oeste da Serra dos Candeeiros, atravessando a freguesia de Aljubarrota. É um percurso sinuoso, de fácil caminho e denso de vegetação, com predominância dos carvalhos, medronheiros e sobreiros Bastante húmido, mesmo nesta época que predomina a falta de chuva (bastante grave este ano). Aparentemente ao longo do trilho, este é acompanhado por uma levada natural (seca nesta altura) indiciando ter bastante água no inverno. O final deste Vale desemboca na Estrada Principal que vem do Carvalhal para Ataija de Cima, ju