Felizmente já não estamos no conceito marxista que defendia que a produtividade (do capital) consistia na coerção para se obter trabalho excedente. Hoje, segundo Samuelson e Nordhaus a produtividade refere-se à razão entre a produção e os factores nela empregues, isto é, é um indicador de eficiência de uma empresa ou de um País. É o rendimento de uma empresa ou sector público relativamente aos custos de produção (Porto Editora).
Os estudos indicam também que a produtividade aumenta tanto com o avanço tecnológico como com o desenvolvimento das competências profissionais. Isto é, em ambientes de baixa ou inadequada formação educacional ou profissional e/ou inflexibilidade na reconversão das competências em função de novas exigências de mercado, a produtividade é baixa e sem expectativa de crescimento.
Tomando estes dois factores, no caso português, poder-se-ia atribuir a baixa produtividade a uma cultura enraizada dos direitos laborais enviesada mais para o lado dos direitos do que dos deveres e alguma relutância à aceitação de novas tecnologias e sua incorporação no processo produtivo.
Mas então como se explica que os mesmos trabalhadores, com condições iguais de escolaridade e cultura, são mais produtivos no estrangeiro do que em Portugal?
Análise histórica e sociológica do problema indica que os factores negativos estão mais do lado dos empresários e gestores e subjacentes à organização do trabalho.
De facto, num tecido empresarial de pequenas e médias empresas, em que o gestor pouca ou nenhuma formação tem de conceitos básicos de liderança e planeamento dificilmente consegue ter uma visão estratégica de negócio de longo prazo e manutenção de recursos humanos válidos. A formação e desenvolvimento profissional é considerado inútil fazendo perdurar uma especialização sem inovação que não desenvolve actividades analíticas e com raciocínio critico.
Nas grandes empresas e no sector público está implementado um processo paralelo que favorece o clientelismo e a corrupção e não o currículo ou demonstrada experiência profissional.
Um outro problema de fundo, historicamente conhecido, é a dependência do Estado que desresponsabiliza a gestão. Se por um lado existem queixas que o Estado é sufocante (impostos) e não permite o desenvolvimento das empresas, por outro os nossos gestores, públicos e privados, mantém subconscientemente (ou não) a ideia de um Estado Providência que coloca a sua mão por baixo nas alturas difíceis e é um bom “pai”. Têm sido publicamente conhecidos os prémios e recompensas que auferem os gestores públicos pelas gestões deficientes e danosas.
Tudo isto leva a que tenham sido constituídos injustamente estereótipos acerca dos trabalhadores portugueses.
E é por tudo isso que a redução da contribuição para a Segurança Social, anunciada como incentivo à competitividade das empresas, possa não passar de mais uma medida heril que vá, novamente, contribuir para que os empresários e gestores possam comprar mais carros topo de gama.
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