O conceito de Stress foi utilizado pela primeira vez em 1977, por Hinkle e significava pressão ou exigência que obrigava a grande esforço implicando interacções entre o indivíduo e o meio.
Como envolve diversas variáveis transaccionais, é um fenómeno complexo e tem diferentes categorias: individual, familiar, profissional e social. Basicamente trata-se de um desequilíbrio entre a situação geradora de stress e a utilização dos recursos que o indivíduo tem ou percepciona ter.
| Sintomas mais frequentes de stress |
| Dificuldade em engolir |
| Dor de cabeça, enxaquecas |
| Acidez, náuseas e tonturas |
| Dores no peito, costas e pescoço |
| Micções frequentes |
| Perda de memória |
| Gastrite, suores, prisão de ventre, diarreia |
| Crises de angústia, insónias |
| Fadiga crónica |
O SRT ou, no dizer dos especialistas, stress pós-férias, não é uma doença. É uma síndrome, caracterizado por uma reacção de adaptação ao trabalho e regresso aos horários e responsabilidades. Está ligada à imagem que cada indivíduo tem de si próprio, à auto-estima, ao optimismo e confiança.
Mas as fontes de SRT não estão sempre relacionadas com a baixa auto-estima ou insegurança. Também pode ser originada por mau ambiente laboral, um chefe exageradamente autocrático ou tarefas que são humanamente impossíveis de realizar no tempo exigido.
| Fontes mais habituais de stress |
| Meio ambiente / organizacional |
| Local de trabalho |
| Característica de personalidade |
É pois importante que saibamos definir estratégias de “coping”, isto é, esforços cognitivos e comportamentais para gerir (reduzir, minimizar, controlar ou tolerar) as exigências internas/externas das interacções entre nós e o ambiente de trabalho, as quais avaliamos como excessivas para os recursos disponíveis (Folkman e tal., 1986).
| Estratégias de coping |
| Centrado no Problema - Controlar o problema da origem do sofrimento. Afrontar a situação geradora de stress. |
| Centrado na emoção - Equilibrar as tensões e emoções originadas pela situação. |
| Evitante - Estratégia passiva (fuga, evitamento, negação, resignação, fatalismo, distracção) visando a redução da tensão emocional. |
| Vigilante - Estratégias de implicação, vigilância e apoio, por forma a resolver a situação. |
O nível de stress depende assim, das estratégias de coping e dos recursos intrínsecos e extrínsecos (competências pessoais e ambientais) que, obviamente, variam de indivíduo para indivíduo e estão relacionadas com as características particulares e situação (tipo, gravidade, duração e grau de controlo) a enfrentar. Isto é, não há remédios melhores ou piores, há é desenvolvimento de competências.
| Atitudes do trabalhador stressado |
| Preocupa-se com coisas sem importância |
| Exagera ou dramatiza situações normais |
| Tem uma visão pessimista de si próprio e da vida |
| Na procura de soluções retém as situações desagradáveis |
O stress está na origem de diversos problemas físicos, psicológicos e psicossomáticos levando os indivíduos stressados a comportamentos não saudáveis e dependências que quando repetido e prolongado leva a alterações do sistema imunitário.
Segundo a publicação (2010) do Observatório de Recursos Humanos uma das dimensões mais relevante do modelo, a Satisfação decresceu 1,2 pontos, o que quer dizer que os portugueses andam mais insatisfeitos no trabalho. Cerca de 30% da população activa sofre de SRT e, devido à crise e aumento de desemprego, este valor terá tendência para crescer.
A realidade é que, é no trabalho que passamos grande parte do tempo do nosso dia e as férias é um período transitório. O problema não é regressar das férias (vocacional), o problema está na relação laboral.
Não se esqueçam que a nossa vida tem um sentido e que cada um de nós faz parte de um todo. Não nos compete a nós mudar esse todo mas sim sermos emocional e socialmente inteligentes para sabermos que temos que desenvolver competências que possam contribuir para um ambiente organizacional saudável.
Para isso temos que estar mais conscientes da realidade e mais atentos às mudanças. Eu acredito que o que fazemos no nosso dia-a-dia é aquilo que escolhemos e não porque somos obrigados. Os nossos comportamentos, as nossas decisões, os nossos amigos, etc, é fruto da nossa liberdade de escolha. Por isso é um erro descarregar essa responsabilidade nos outros.
Ainda que o nível de stress dependa das características da personalidade, há aprendizagens comuns que o podem minimizar ou evitar. Por exemplo, aprender a dizer a palavra “não” a um chefe ou colega autoritário; pedir ajuda quando não sabemos; aumentar o nosso conhecimento de forma a melhorar sustentadamente o desempenho; aprender a confiar; reconhecer publicamente o erro; tomar consciência que somos um ser que se diferencia pela sua individualidade.
Ainda que tenham um chefe autoritário e egocêntrico não percam a dignidade e exprimam sempre as vossas convicções.
Como dizia Mahatma Gandhi: “só aceito um tirano no mundo, é a pequena voz silenciosa no meu interior”. Quer dizer, a verdade está onde nunca nos lembramos de procurar: dentro de nós.
Espero que as férias tenham corrido bem e um regresso ao trabalho sem stress.
Comentários