Já aqui tinha dito que as empresas futuras terão que estar orientadas, não só, mas para além do lucro e da visão dos accionistas ou donos.
Há mais de 50 anos que as sociedades modernas vêm alterando os seus modelos de gestão, deixando de estar orientadas para a quantidade da produção, para estarem focalizadas num desenvolvimento sustentável, aproveitamento e maximização dos limitados recursos.
Com o fim do contrato de trabalho estabelecido com base apenas numa retribuição monetária por troca da prestação física do trabalhador, e com o fim da família tradicional as novas organizações alicerçam um novo paradigma de socialização e de passagem de valores que, até agora, pareciam estar afastadas.
Contrariando Milton Friedman, as organizações deixaram de ser entidades que apenas utilizam os seus recursos em actividades destinadas a aumentar os seus lucros.
Esta crescente importância teve como efeito uma maior responsabilização social das organizações, principalmente nos chamados “países desenvolvidos”.
Surge assim um novo conceito de ~”micro-socialização” que tem levantado questões sobre uma responsabilidade organizacional e social que, vai muito para além do habitual mecenato e de intervenções ambientais.
Para além destas dimensões externas, a responsabilidade social das empresas passa também a incorporar uma dimensão interna, envolvendo todas as partes interessadas, incluindo trabalhadores (actualmente denotados de colaboradores) e que cada vez é mais decisiva nesta alteração de paradigma. Neste cenário há que dimensionar a cultura organizacional para uma gestão de recursos humanos centrada na ética laboral e nas lideranças íntegras e exemplares, isto é, congruentes entre aquilo que se faz e o que se diz.
Esta centralidade de vontades e de práticas no sentido de ir ao encontro da satisfação das diversas necessidades, terá muita dificuldade de implementação no cenário organizacional português onde ainda persistem muitos estigmas de mentalidades cimentadas sobre relações laborais marcadas por questões ideológicas e preconceituosas.
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