Voltámos à direita. Novamente.
Mas desta vez com 41,1% de abstencionistas, 2,67% de brancos e 1,36% de nulos. Quase metade dos portugueses pronunciou-se contra os políticos e partidos.
Cronologicamente, abriu-se mais uma alternância política.
Procurando entender o resultado destas eleições, aparentemente pode concluir-se que existem cerca de 3 milhões de portugueses que nestes últimos anos vão mudando a sua orientação de voto. Dai se explica o revezamento entre o PS e o PSD. O resto são irrelevâncias de quem se põe em bicos de pés.
Por outro lado, compreende-se perfeitamente o “castigo” a um PS socialmente desagradecido, trapalhão e mentiroso na comunicação e, principalmente, mau gestor dos dinheiros públicos. Sócrates deveria ser chamado publicamente a justificar a duplicação da divida soberana.
Mas, o que não se consegue perceber é porque razão os portugueses, e quase toda a Europa nestes dois últimos 2 anos, têm premiado a ideologia que provocou a crise de 2008. O liberalismo económico exportado pelos EUA e aproveitado pelos conservadores bancos alemães. A visão de uma Europa unida e a uma só voz é cada vez mais uma ideia enganadora, mas estamos todos a ir para onde nos vão encarreirando.
De facto, já não se trata de escolher entre direita ou esquerda, trata-se de escolher entre, quem poderá ou não, implementar mais facilmente as medidas que estes nos impuseram.
Não foram os portugueses que penalizaram Sócrates. Foram os mercados, os especuladores. Os portugueses, ontem, apenas deram o seu aval.
Veremos quem se sairá melhor se nós ou os gregos.
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