O optimismo é normal mas
há algumas pessoas mais afortunadas do que outras.
Uma parte da atitude
optimista é herditária e faz parte de uma disposição geral para o bem-estar, e que
poderá incluir uma melhor disposição para ver o lado bom das coisas.
Os optimistas são, em
geral, alegres, felizes e populares.
Resistentes ao fracasso
e às dificuldades, têm poucas probabilidades de ceder à depressão porque o
sistema imunitário é mais forte.
Têm uma maior
probabilidade de viver mais tempo.
Um estudo efectuado com
as pessoas que exageram sobre o período de vida esperado mostrou que trabalham
mais horas, são mais optimistas acerca do seu rendimento futuro e apresentam
maior probabilidade de casar após um divórcio.
Sabe-se que estas
bênçãos do optimismo apenas são características dos optimistas que apresentam
um enviesamento moderado e que são capazes de realçar o positivo sem perderem a
noção da realidade.
Em termos das
consequências para as decisões, o enviesamento optimista poderá bem ser o mais
significativo dos enviesamentos cognitivos e poderá ser ao mesmo tempo uma
bênção e um risco.
A evidência tem
sugerido que um enviesamento optimista desempenha um papel relevante (por vezes
dominante) sempre que os indivíduos, voluntariamente, correm maiores riscos.
Os indivíduos
optimistas desempenham um papel desproporcionado nas nossas vidas dado que a
sua auto-confiança é reforçada pela admiração dos outros. Significa isto que as
pessoas que têm a maior influência nas vidas dos outros têm tendência a ser
optimistas e a ter excesso de confiança, isto é, dispostos a correr mais riscos do que
aquilo de que se apercebem e subestimando as hipóteses.
Um dos benefícios do
carácter optimista é estimular a persistência face aos obstáculos, mas esta
pode ser cara.
Thomas Astebro efectuou
uma serie de estudos junto de uma organização canadiana – Programa da
Assistência aso Inventores - sobre a influência que as más noticias têm nos
optimistas.
O estudo consistiu em solicitar
aos inventores uma avaliação objectiva das expectativas comerciais das suas
ideias, através de uma escala graduada que previa o fracasso.
Cerca de 53% dos
inventores desistiu após o resultado do estudo quando apontava para o fracasso das
suas ideias. Mas cerca de 47% continuou a desenvolver os projectos, precisamente
aqueles que tinham uma classificação elevada em optimismo, e em média, estes
indivíduos persistentes duplicaram as suas perdas iniciais.
A evidência sugere que
o optimismo pode ser ubíquo, obstinado e oneroso.
Os economistas Ulrike
Malmendier e Geoffrey Tate identificaram executivos optimistas pela quantidade
de acções da empresa que possuíam e notaram que os lideres altamente optimistas
correm riscos excessivos.
O prejuízo causado por
executivos com excesso de confiança é agravado quando a imprensa financeira os
venera como notoriedades, o que faz com que uma rede comum de optimismo liga os
empresários que são celebridades.
O optimismo é altamente
apreciado socialmente e no mercado. As empresas recompensam mais aqueles que
fornecem informações erróneas do que aqueles que dizem as verdades.
A tomada de risco
optimista dos empreendedores contribui certamente para o dinamismo económico de
uma sociedade capitalista, mesmo apesar da maior parte acabar decepcionada.
Professores da
Universidade de Duke, dirigiram um inquérito durante alguns anos em que os
principais funcionários financeiros de grandes companhias estimaram os lucros
do índice Standard & Poor’s para o ano seguinte. A conclusão foi linear: a
correlação entre as suas estimativas e o verdadeiro valor era ligeiramente
inferior a zero. Mas as verdadeiras más notícias foi que os executivos não
pareciam saber que as suas previsões eram destituídas de valor.
Quando se combinam
factores emocionais, cognitivos e sociais que suportam o optimismo exagerado, forma-se
um entusiasmante fluxo que, por vezes, leva as pessoas a correrem riscos que
evitariam se conhecessem as probabilidades.
As principais
determinações do pensamento optimista são:
a)
Concentração no objectivo com ancoramento no
plano pessoal e negligenciando as taxas básicas e com exposição à falácia do
planeamento;
b)
Concentração apenas no que querem e podem
fazer sem atenderem aos planos e capacidades dos outros;
c)
Concentração apenas no papel causal da
capacidade e negligenciar o papel da sorte, sujeitando-se a uma ilusão de controlo;
d)
Concentração apenas no que se sabe e
negligenciar o que não se sabe, tornando-nos excessivamente confiantes nas
nossas crenças
O principal benefício do
optimismo e do excesso de confiança é a resistência perante as adversidades, e
a sua contribuição para uma boa implementação da tomada de decisão é positiva.
Tem havido numerosas
tentativas de treinar pessoas para apresentarem intervalos de confiança que
reflitam a imprecisão dos seus juízos, mas sem progressos. O principal
obstáculo é que a confiança subjectiva é determinada pela coerência da história
que foi construída e não pela qualidade e quantidade de informação que a
sustenta.
As organizações, mais
do que os indivíduos, têm de ser capazes de domesticar o optimismo e os
indivíduos.
Retirado do Livro "Pensar, Depressa e Devagar" de Daniel Kahneman - Psicologo que ganhou o Prémio Nobel da Economia em 2002.
Este pequeno resumo do livro, dedicado ao motor do capitalismo, resume as conclusões a que a investigação cientifica tem chegado no estudo sobre a tomada de decisão.
Vale a pena reflectir sobre o assunto quando cada um de nós experiência o "fluxo optimista" no seu local de trabalho e vida pessoal ainda que com a certeza de tal corrente pouca aderência ter à realidade, servindo apenas para manter a roupagem dos optimistas.
Afinal porque razão se deu a crise em 2008 senão por isto mesmo.
Comentários