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Precisa-se de um novo John Locke


Hoje, alguém me disse: “parece que isto está, lentamente, a desmoronar-se!”

De facto, tudo parece inclinar-se na vertigem de um caminho que teima em se agravar mas onde ainda vamos mantendo um equilíbrio precário.

A sensação é que as lideranças se anulam, as estratégias se desusam e as acções se esvaziam num tempo perdido e de difícil recuperação.
E o trilho contínua inclinado na direcção do abismo apesar das mensagens traiçoeiramente optimistas, vazias e falazes.

Para quem contacta diariamente com pessoas e empresas, a sensação é que ainda ninguém interiorizou as forçadas mudanças que decorrem e que se agravarão no futuro já ali.

Se bem repararmos, até na Europa, não tem existido hiper-vigilância quanto aos efeitos negativos da economia nos Estados, organizações, empresas e pessoas faltando planos estratégicos com acções de antecipação bem definidas e claras. Quase que se poderá fazer um paralelismo entre a inércia adaptativa do eixo franco-alemão: vamos ver se isto se resolve com o tempo e se escapamos.

O facto, é que nem com o tempo nem com as medidas até agora tomadas se resolverá alguma coisa. 

E a grande dificuldade disso reside no facto de que quem toma decisões confiar apenas nas suas próprias opiniões perdendo a capacidade de criar e recusando-se a reconhecer que se tornaram conformistas.

Hoje, quem toma as decisões pouca experiência empírica ou envolvimento directo com as circunstâncias tem, o que lhes retira a credibilidade e factor diferenciador. E este tem sido o caminho das novas lideranças, uma nova era de tecnocratas, seguidores verticais de ideologias autocráticas, cada vez mais afastada das realidades comuns, sejam eles institucionais, societárias ou profissionais.

Aparentemente precursores de uma disciplina fanática, apresentam muito pouca solidez de valores porque apenas interessa o imediato. Razões porque mentem descaradamente a quem lhes dá a justificação de existirem.

Assim vão a Europa, as empresas e as pessoas. 
A desmoronarem-se lentamente. 
Mas este não tem sido o caminho desde há 20 anos para cá?

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