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O bem-estar dos cidadãos

A crise da zona euro torna necessária uma maior integração política da UE. Mas a via seguida pelos dirigentes europeus deixa de lado aquilo que deveria ser a sua prioridade: o bem-estar dos cidadãos, definido num quadro democrático” - Jürgen Habermas. 

Os líderes políticos têm esquecido as falhas que estão na base da união monetária e, nos seus esforços para reforçar o pacto europeu, apenas se têm preocupado em celebrar acordos não vinculativos improdutivos e sem qualquer efeito prático. Numa postura pouco democrática, estimulada por uma falta de solidariedade alemã, falta à EU uma compreensão para as diferenças nacionais.

Desde o inicio da crise que a EU está dividida nas suas preocupações. Por um lado, os imperativos da banca e das agências de rating e por outro a consciência da falta de legitimidade democrática junto das populações cada vez mais incontroláveis.
Não se percebe como vai ser possível conciliar as medidas restritivas adoptadas com a manutenção de um estado social europeu. A falta de informação, a busca de um populismo de direita e a paralisia das elites têm levado a medidas tecnocráticas em que os cidadãos não são escutados.

O processo de integração europeia, que nunca esteve ao alcance da população, é agora um caso insolúvel” - Jürgen Habermas.

O falhanço da EU poderia, historicamente, atribuir-se à inexistência de um povo europeu mas também ao facto de termos lideranças politicamente fragmentadas em contradição com a criação de uma sociedade multicultural que, cada vez mais, exige ser ouvida.

Na Grécia, os gregos exigem ser ouvidos.

Milhares de pessoas indignadas, homens e mulheres de todas as ideologias e profissões ocupam diariamente a praça Syntagma, pacificamente à semelhança com a Ágora da Atenas clássica, reivindicando o afastamento das elites políticas corruptas. Os partidos políticos e respectivas bandeiras não são bem-vindas.
A praça Syntagma na Grécia, a praça Tahir no Cairo, a Puerta Del Sol em Madrid, os indignados em Lisboa, Londres e Nova York fazem parte de um movimento social, crescente de indignação e sobrevivência, que evolui imprevisivelmente.

O problema já não é económico. É social.

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