Em 2008 visitei a Eslovénia e
fiquei maravilhado com a sua capital Liubliana.
A Eslovénia era o país da EU onde
o PIB era dos mais elevados. Ainda não tinha introduzido o euro.
No passado dia 03/12/2012, numa
das suas mais pacatas cidades, Maribor, sem ninguém estar à espera e numa única
semana, cerca de 20.000 pessoas manifestaram-se contra a corrupção, a
austeridade, o clientelismo e as oligarquias locais. Movimento que se espalhou
por todas as grandes cidades.
Esta vaga de protesto ficou
denominada como a “insurreição de Maribor”.
Vários têm sido os casos de
corrupção sem que a justiça intervenha, e os corruptos continuam a permanecer
nos lugares públicos gozando de impunidade e recusando-se a abandonar os cargos.
O principal visado daquela
iniciativa (Maribor era a cidade onde existia a taxa mais elevada de abstenção)
foi o presidente da Câmara que, desde 1977, tem vindo a privatizar tudo o que é
Estado, desde a distribuição de água, transportes públicos, etc. tendo já sido revelado
“abusos de poder” e “corrupção sistemática”.
Ali mesmo ao lado, na Croácia, o
seu antigo primeiro-ministro foi condenado, em primeira instância, a uma pena
de 10 anos de prisão efectiva por corrupção.
Mais um dos movimentos de
indignados a surgir numa Europa cada vez mais marcada pela austeridade e pela
corrupção das suas elites politicas.
Este caso vem demonstrar que uma
abstenção alta não significa alheamento das populações aos actos políticos mas
antes uma forma reivindicativa de descontentamento e descrédito neste sistema.
Aparentemente, no entanto, os políticos
continuam a desvalorizar este indicador.
Vivemos numa Europa marcada pelas
conspirações politica que, a pouco e pouco, vão esvaziando as esperanças dos
europeus.
E como dizia Slavoj Zizek, a
questão decisiva aqui é a interpretação que fazemos do colapso destas esperanças.
Comentários