Sinceramente, acredito que todos
nós somos proactivos e inclusivos (no sentido que gostamos de trabalhar em
equipa).
Comecei a minha actividade
profissional na banca em 1986. Nessa altura não se falava em proactividade, mas
em fidelização.
Lembro-me perfeitamente do dia em
que me apresentei no balcão do BPA em Alhandra. Eramos 14 ao todo, 13 homens e
1 mulher.
- “Faz sempre falta uma mulher numa equipa de
homens. Obriga moderação no palavreado” dizia-me a Drª Ana Marques, responsável
pela DRH que me acolheu em Lisboa, e enquanto me transportava a Alhandra para
fazer pessoalmente a minha apresentação à equipa.
Não sei precisar quanto tempo
demorei a atender o primeiro cliente. Comecei nas tarefas de processamento,
passei para o sector da emigração, estrangeiro, caixa e finalmente em gestor
comercial. Fui ganhando experiência e consolidando conhecimento. Nunca me senti
de fora da Equipa, arranjei Amigos para toda a vida, formei competências e princípios que me orientaram toda a minha vida profissional. Durou 12 anos.
Não se falava em proactividade
nem nunca ouvi dizer que este ou aquele não prestava. Porque nem todos tinham
as mesmas competências mas todos eram úteis para a missão do Banco. Havia uma vontade
enorme de servir bem o Cliente, de o satisfazer, de fazer a diferença, de o
fidelizar. De ajustar a oferta do Banco às suas necessidades. Criavam-se
relações de confiança.
Isto a propósito da seguinte
frase que li hoje: “ou entregas desculpas, ou entregas resultados”.
Nunca gostei de caminhos apenas de
dois sentidos, e esta frase, limita-nos na disponibilidade para criar. Pressiona-nos
para fazermos depressa hoje mas empurra-nos para a infelicidade no amanhã.
Ser proactivo significa pensar e
agir antecipadamente, isto é, prever. É uma forma de evitar problemas,
planeando e facilitando o trabalho no futuro.
Ser proactivo significa assumir o
controlo consciente dos acontecimentos. Significa ter autoconsciência no
sentido de que se pode escolher o caminho que nos parece melhor; significa ter
autoconhecimento no sentido que podemos tomar decisões com base nos nossos princípios;
significa que podemos usar a nossa imaginação para gerar e avaliar diferentes
opções e significa que temos livre arbítrio no sentido que não somos obrigados
a corresponder ao que os outros esperam.
O uso da palavra proactividade foi
limitado ao domínio da psicologia experimental na década de 1930. Só muito
recentemente entrou na gestão e o seu conceito foi alterado e ajustado ao
sistema capitalista.
Na banca de hoje fala-se em
proactividade mas confunde-se com iniciativa e orientação para a acção rápida e
apresentação de resultados no final do dia. Quem não apresenta resultados é
porque não é proactivo, ouve-se dizer com frequência.
Os conceitos confundem-se propositadamente
na justa medida e interesses daqueles cujos lugares são justificados pela acção
de quem apresenta resultados no final do dia.
Desfazem-se equipas e
maquilham-se competências em nome de mapas de produção, mesmo que isso
signifique a quebra de confiança com os clientes.
Entregar desculpas pode muito bem
ser uma forma de dizer que necessita de ajuda para chegar aos resultados.
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