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Ideias sobre negociação


Todos os dias negociamos e fazemos escolhas. Porque necessitamos de ajuda, porque temos filhos, porque competimos socialmente, porque trabalhamos em equipa, etc. A necessidade de tomar decisões pode surgir a qualquer momento e em qualquer lugar. Estamos em permanente negociação.

Ainda que haja pessoas que estão mais preparadas do que outras, todas sentem que chegar bem ao fim de uma negociação é vital para o seu bem-estar, tranquilidade, sanidade e produtividade.

A negociação pode ocorrer a diversos planos e tem a ver com a dimensão do problema, do espaço e do contexto o que pode exigir mais preparação, experiência e competências. Ainda assim, saber como negociar é muito importante para uma tomada de decisão que conduza à paz de espírito. Apesar de as negociações serem diferentes nos diferentes contextos, desde que exista um bom plano de “jogo”, se esteja treinado, informado e preparado, em qualquer circunstância se negociará.

E não se esqueçam que tudo o que existe nesta matéria sobre diferenciação entre homens e mulheres não passa de estereótipos de género e que, como afirmou Louis Pasteur “a sorte favorece a mente preparada”.

Também nunca se deve tomar uma posição inexorável muita rapidamente sob pena da contraparte assumir uma posição de confronto. A agressão leva à agressão. Lembrem-se sempre que, ainda que as exigências possam ser incompatíveis, os objectivos podem não o ser, complementar-se até, formalizando-se um acordo.

Na negociação, independentemente do tempo de preparação, há 3 passos fundamentais:
1.      Conheça os objectivos chave
2.      Faça um brainstorming acerca das opções que tem;
3.      Planeie a proposta inicial

Os negociadores preparados e que vão além das tomadas de posição, concentrando-se nos seus objectivos chave costumam atingir os fins. 

Um dos conceitos importantes na negociação é o princípio da reciprocidade. Com pequenos actos de generosidade (apenas no aspecto construtivo da cooperação na negociação) provoca-se uma forte obrigação psicológica que resulta em retribuições que levam a um bom acordo. Todos temos um duplo padrão psicológico que nos incita a responder da mesma forma como somos provocados.
A negociação positiva é aquela que termina num acordo win-win. Esta expressão reflecte um importante conceito económico que, muitos economistas, referem como sendo a Fronteira de Pareto. Isto é, um acordo tão maximizado que já não seria possível melhorá-lo para qualquer das partes.
A Fronteira de Pareto é muito difícil de atingir porque as partes em negociação escondem as verdadeiras intenções e (quase) nunca anunciam o que verdadeiramente querem. Existem sinais claros em que se pode estar perante um resultado oposto a esse ideal (acordo lose-lose), tais como existirem 3 indicativos dos seguintes:
·         A sua proposta inicial foi aceite imediatamente
·         Houve uma apenas uma contraproposta e você dividiu a diferença
·         Foram ponderados menos do que 5 acordos possíveis
·         Não fez nem houve perguntas
·         Ninguém tentou melhorar o acordo
·         Não revelou nada à outra parte nem a outra parte lhe revelou nada
·         Houve apenas negociação de uma parte do acordo
·         Houve negociação de outras partes mas independentemente umas das outras
Ora, para se chegar a um bom acordo é indispensável estar esclarecido, estabelecer prioridades, fazer a desagregação das questões em negociação e admitir que a outra parte é inteligente, ambiciosa e possuidora de motivações complexas e desconhecidas. Por isso devemos sempre tentá-lo maximizar, estabelecendo uma relação de confiança e reciprocidade, independentemente das circunstâncias ou do nosso grau de altruísmo e/ou oportunismo, quer a outra parte seja conhecido, amigo ou desconhecido.

Um outro conceito importante na negociação é o princípio do reforço que ocorre a um nível do inconsciente e que se aplica sempre que se pretende fortificar um determinado comportamento (e não atitudes). Isto é, pretende-se incentivar a outra parte a manifestar comportamentos que nos ajudarão a maximizar o acordo.
Assim, deveremos mostrar concordância imediata ao comportamento desejado que não deixe margem para dúvidas relativamente às verdadeiras intenções, não ser ambíguo (recompensar apenas os comportamentos e não as posturas ou intenções) e ser coerente recompensando o mesmo comportamento tantas quantas vezes ocorrer. Considera-se recompensas: sorrir; assentir com a cabeça; manter contacto visual, dizer frases com verbos tais como «gosto disso» ou «isso agrada-me» ou «fala-me mais sobre isso».

Segundo Jeanne Brett, no seu livro Getting Disputes Resolved, são 3 as grandes áreas que definem os tipos de negociadores (o modelo I-D-P-):
                                  i.  O Poder – este negociador determina-se quando exerce a sua força negocial através de afirmações que obrigam a contraparte a fazer algo que de outra forma não faria (exemplo a relação pai filho ou entre pessoas de diferente nível hierárquico);
                       ii.  Os Direitos – este negociador manifesta orientações que fazem referência a praticas culturais, regras, costumes ou até legislação, invocando precedentes;
             iii Os Interesses – quando o negociador torna irrelevante as vontades e exigências da contraparte, focalizando-se apenas nos seus objectivos e interesses.

"Negociação é um conceito em contínua formação que está amplamente relacionado a satisfação de ambos os lados".(Scare e Martinelli, 2001)

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