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Luta contra a pobreza

Podemos definir a pobreza como a privação das condições básicas de uma vida condigna.

Segundo o estudo divulgado a semana passada pela FFMS, em Portugal o valor da pobreza, desde 2003 até 2018, tem andado sempre próximo de 1/5 do total da população portuguesa. Cerca de 32,9% dos pobres, acima dos 18 anos, são empregados. Isto sugere duas coisas: que existe um grupo alargado de pobres que trabalha e não vive exclusivamente de transferências sociais (como muitas vezes se pensa) e que a precaridade do mercado de trabalho em Portugal é significativa.

O mesmo estudo certifica que as famílias vulneráveis, onde a pobreza é mais elevada e persistente, são aquelas onde existem crianças. Na maioria das famílias pobres onde nasceram crianças já os seus avós eram pobres. Sabemos também que em Portugal existe uma “reprodução intergeracional da pobreza” que persiste até à 5ª geração.

As crianças que nascem numa família em situação de pobreza ficam, só por isso, condicionadas nas oportunidades futuras tendo por consequência a saída antecipada da escola e a entrada num mercado de trabalho temporário, mal pago e sem regalias sociais. Não menos importante é a percepção condicionada que cada uma desenvolverá do que é uma vida futura condigna.

Grande parte das vezes confundimos “luta contra a pobreza” com “luta contra a fome”. Não são a mesma coisa e os impactos são diferentes. Temos uma marcada história boa de solidariedade na luta contra a fome e assim deve continuar porque sem bens alimentares a pobreza seria extrema e absoluta. Contudo, a quebra do ciclo da pobreza requer uma visão alargada e uma intervenção cívica mais comprometida.

No que diz respeito ao desemprego, o estudo também nos diz que a intervenção dos Centros de Emprego, seja em formação seja no acesso ao mercado de trabalho, tem poucos resultados positivos duradouros. O sucesso de permanência no emprego e da melhoria das condições de vida deve-se á intervenção das redes sociais de conhecimento interpessoal.

A criação, numa comunidade, de redes de apoio social e a colocação das múltiplas competências à disposição daqueles que necessitam, traria um impacto brutal não só no rendimento disponível, como na saúde, na educação ou no bem-estar.
Imaginem o que seria sensibilizar, um psicoterapeuta da fala, por exemplo, para a diferença positiva que faria na vida de uma família pobre se se comprometesse a colocar as suas competências na ajuda a (apenas) uma criança. Ou, outro exemplo, eu que até tenho um psicólogo como amigo conseguir sensibilizá-lo para o impacto que teria se disponibilizasse uma (apenas) hora por semana para ouvir uma criança com problemas de autoestima.

Não acham que estaríamos todos muito mais felizes e preenchidos?

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