João Quadros, numa das suas
últimas publicações, dizia: "Poder é o cuidado que os outros têm com o que dizem
à tua frente em relação ao pouco cuidado que tens no que dizes em frente aos
outros."
Bem, isso depende da relação de equilíbrio entre as forças.
É claro que Passos Coelho pouco
cuidado precisou de ter para mandar os jovens emigrar ou dizer que estar
desempregado é uma óptima oportunidade para mudar de vida.
O poder é por vezes muito subtil
ou imperceptível, por isso não questionado. Ora a visão do poder como elemento político
é um meio, tanto de o alcançar como de a ele escapar.
Utilizando uma imagem
foucaultiana, o poder é assim concebido não como um estado mental mas sim como
um conjunto de práticas sociais e discursivas, construídos no tempo, que
disciplinam a mente e o corpo dos indivíduos e grupos.
Há pois aqui um encontro entre
esta imagem e a definição do João Quadros que assenta no cuidado discursivo e/ou
falta dele, embora a habilidade de o mediar (o cuidado) está em todas as
consciências e não só em quem tem o poder.
Atento contudo que o cuidado, do
lado de quem não tem o poder, pode muito rapidamente se transformar em medo e aniquilar
a consciência da liberdade individual.
Por isso é que prefiro prostrar a
indiferença e arrojar a indignação.
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