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Ambicionando


Hoje, à conversa com um amigo e a propósito da evolução profissional, confessava-se-me que é uma pessoa pouco ambiciosa. Recordei-me vagamente da altura em que um meu superior hierárquico, jogando cinicamente, me disse que eu era uma pessoa com pouca ambição.

Concluímos, no seguimento da conversa, que era também uma pessoa satisfeita com a vida e que grande parte dos dias fazia exactamente aquilo que lhe dava bem-estar. Sentia-se feliz. Devo dizer que considero este meu amigo uma pessoa excepcional na sua relação com os outros e na forma como aproveita a vida.

Recordo aqui a tese de Seligman (criador da psicologia positiva), defendida no seu último livro, que os «satisfeitores» eram pessoas com mais bem-estar do que os «maximizadores», o que deveria levar a medicina a encorajar os pacientes a optar mais pela satisfação do que pela maximização.
Defende também o autor que o bem-estar é, na realidade uma teoria de escolha não constrangida, composta por 5 elementos: a emoção positiva; o envolvimento; o significado; as relações positivas e a realização pessoal.

Segundo um artigo publicado no expresso emprego, a ambição é uma das 23 características de um bom profissional, e que tem a ver com a vontade de querer sempre um pouco mais.

Parece assim podermos concluir que quem não tem ambição, por um lado não é um bom profissional e por outro tem menos bem-estar.

De facto, quando falamos em ambição, no âmbito de uma educação ocidentalizada, indica-nos progressão vertical (material) na carreira profissional ou vida pessoal buscando cada vez mais e mais, numa insatisfação totalitária e sempre sob um stress de comparação social.

Mas a realidade é que poderemos ser ambiciosos apenas no sentido de busca da perfeição e pelo puro prazer de “estar a jogar” e em que a própria derrota nos motiva no gozo de apreendermos e de melhorarmos. É neste tabuleiro que está o meu amigo e onde me sinto também.

Quanto à minha recordação, tenho a certeza que o cupido apenas queria colocar a minha jogada  à disposição dos seus interesses pessoais. Uma forma batoteira de ganhar dentro de um quadro de ambição patológica mas fora do meu tabuleiro.

Estamos entregues a parte de uma Geração Y que, ainda sem pintelhos, já tinham ou sonhavam com um descapotável à porta, e melhor que o do vizinho.

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