"Há dois tipos de pessoas no mundo, as que dividem o mundo em dois tipos de pessoas e as que não fazem isso", embora não se tenha a certeza do autor, a frase é atribuída ao humorista Robert Benchley.
Na vida vamos colhendo e descartando contactos que sinalizamos de diversas formas. Porque a memória é curta, disso fazemos registos em escritos ou retratos mnemónicos que vamos acumulando e estratificando.
A lista telefónica é um acordeão que vou actualizando quando faço amizades, desfaço caminhos, subo, desço, tento soluções para problemas ou mudo de ano. Que já só toco em oitavas abaixo, levado pelo percurso de envelhecer. Aprendi a relativizar, a estreitar o necessário. É processo de uma vida.
Os contactos tenho-os agrupados e etiquetados. A atribuição é baseado nos outros: "conhecidos", "confiáveis", "tansos". Mas é um erro porque isso marca indefectivelmente a minha relação com os listados. A maioria apresenta uma tendência para a dicotomia "nós" e "os outros". Quase sempre com prejuízo deles. Eu que o diga porque é o instinto que me sinaliza as escolhas e incorre no risco de ser agradável ou grosseiro fora de tempo. Deveriam mais ser sobre o impacto têm em mim; "ansiedade"; "medo"; "felicidade". Talvez melhor trouxessem boas emoções. É uma escolha.
Difícil é quando tenho de eliminar contactos do grupo "incondicionais" porque deixam eternamente de atender quando chamo. Vão ficando ali, ficando ali, ficando ali. Vou prorrogando como se isso me redimisse de não ter ligado mais vezes ou na esperança que me liguem de lá. É um grupo de difícil admissão porque obriga a concessões. De escolhas conscientes. De saídas em ruptura sem volta. Com mobilidade reduzida porque, na vida, não se troca de coração.
Ontem apaguei os contactos do A, e do V, e do M. Tenho sofrido algumas perdas de vidas comuns que me esclareceram do destino da morte e da continuidade da vida. Obrigaram a fazer ajustamentos para superar da privação porque os laços fortes ficam sempre, são responsáveis pelo bem estar e justificam a nossa existência.
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