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A vida transforma-nos mas não na
totalidade.
Ontem os meus olhos
humedeceram-se e as lágrimas trouxeram as mesmas emoções e imagens que vivi em
22/07/1994.
O primeiro gira-discos, a janela
de luzes psicadélicas que iluminavam o quarto nas noites escuras, a capa do “Animals”,
as letras passadas à máquina de fita pelo João que serviam depois á conversa entre
nós em modo progressivo e experimental.
A música sempre transformou a
minha vida. Aparece quando estou alegre, quando tenho saudades, melancólico,
desperto, curioso. Quando tenho tempo. "Se não ouvisses música enquanto estudas
tinhas melhores notas" - dizia a minha mãe. Vezes sem conta. Algumas gosto, outras passam de largo, a outras volto, outras
descubro. Mas há aquelas que sempre me despertam os sentidos, me apontaram quem
fui e sou. Os Pink Floyd são os únicos que não deixaram que a transformação
fosse na totalidade. A que regresso para me amparar.
Ontem o Roger Waters permitiu-me
isso tudo. Nunca a conjugação do espetáculo, da música e letras me pareceram
tão perfeitos.
Tal como em 77 ou em 94, apenas
mudaram os porcos mas continuam a governar o mundo.
Há poetas que não se deixam
transformar e nunca morrem.
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