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A idolatria escolástica dos CEO's de sucesso


Esta semana vi o filme/documentário “Inside Job”, dirigido por Charles Fergunson um empresário formado em matemática, e que expõe com realística clareza o processo que levou à actual crise económica.

Impressionante a premeditação e muito preocupante a forma como quem governa o fluxo do capital global (o abstracto mercado) controla os sistemas políticos, educacionais e de justiça e como as ligações corruptas se mantém ainda hoje.

No filme questiona-se o facto da ideologia estar a ser estrategicamente introduzida no sistema educativo. A esse propósito, e precisamente em 2007, foi efectuado uma análise/ estudo, por uma equipa do Instituto de Estudos Laborais da ESADE Business School, sobre os pensamentos, valores, crenças e opiniões dos alunos frequentadores de MBA’s em todo o mundo, incluindo trabalhos/publicações que abordassem o tema comum de “corporate governance” que diz respeito às obrigações e responsabilidade da gestão de topo das empresas.

A ESADE é uma instituição académica universitária independente, criada em 1958 em Barcelona e sem fins lucrativos.

Verificou-se que, apesar de se apresentarem em estilos bastantes diferentes, não haviam grandes diferenças em termos de índices e de foco, convergindo nas ideias. Isto indicia pois que as escolas que ensinam sobre negócios estão a convergir para um modelo comum de mentalidade de gestão empresarial capitalista.
A par dos tradicionais objectivos corporativos orientados para o lucro e maximização da produtividade, verificou-se também a abordagem de temas relacionados sobre “responsabilidade social” esporadicamente.
Um dos temas mais recorrentes está confrontado com os modelos de recompensas dos directores executivos (vulgos CEO’s), assunto escandalosamente documentado no filme.

Numa análise mais profunda, verificou-se que nas estratégias defendidas nos modelos de recompensas, a grande maioria não considera os recursos humanos da organização, nem a sua gestão estratégica, como factor principal para o desempenho do CEO. Os artigos apenas apresentavam políticas e fórmulas explícitas, sendo conclusivo que muitas das vezes geram impactos negativos em toda a organização.

E, tal como Adam Smith verificou há muito tempo atrás, quando o interesse pessoal é um grande elemento de motivação, a ligação entre a recompensa e o objectivo de desempenho intensifica-se. Embora não tenha sido ainda cientificamente provado que pagamentos mais soberbos geram níveis de desempenhos mais elevados, fica sempre a duvida se no actual sistema organizacional, o alto desempenho é um puro golpe de sorte ou devido a uma estratégia consolidada. 

Hoje, podemos concluir que as milionárias recompensas ofertadas aos CEO’s da globalidade, não foram nem um golpe de sorte nem tiveram motivos estratégicos. Foram-nos à medida do lucro obtido à custa das sociedades produtivas e aforradoras, através de esquemas expeditos sob o principio do “make money fast”.

A idolatria da individualidade através da divulgação de casos de sucesso e de (auto)biografias, que as escolas, empresas e meios de informação teimam em “passar”, afinal não passam de reais teorias da conspiração para suster o equilíbrio dos esquemas Ponzi, que teimam em querer manter tudo na mesma a fim de os mais ricos se tornarem ainda mais ricos à custa da maioria que está a ser chamada a pagar a factura. 

Nada é ao acaso.

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