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Mensagens

A mostrar mensagens de 2018

Pobreza

"Todos estes alimentos são para os pobrezinhos" - ouvi dizer. A palavra "pobre" desliga-nos dos diminuídos pelo afecto. Crenças que se manipulam logo depois de nascermos.  E é diferente se o destino nos empurra para o berço das oportunidades, porque temos sempre quem nos dê uma segunda e isso superioriza-nos, reforça-nos. Pobreza é nos excluirmos de não aprender uma coisa nova por dia, de não aceitar que, no final, todos regressamos nus. Pobreza é sermos cegos na percepção. É não distinguir as cores. Pobreza é julgar o outro.

PR7TV - Caminhada pela região de vinhos do Oeste

Pequena rota do concelho de Torres Vedras, situada em plane região vinícola do oeste, com a denominação de Rota das Quintas porque passa por diversas quintas agrícolas. Feita no início de Outubro, este ano, em plena campanha das vindimas. Maioritariamente feita por estradão, apresenta alguns troços de alcatrão e trilho de ervas altas (secas nesta altura). Zona de extensa vinha, brinda-nos também com outros tipos de fruta como amoras, maçãs, peras, excelentes figos, marmelos e nozes, sendo por isso esta a melhor altura do ano para a percorrer permitindo a recolha de exemplares. Com um início de outono mais quente do que o normal, o percurso obrigou a algumas paragens em sombras a jeito e à batota de um atalho que o encurtou em dois quilómetros. A saída fez-se junto à Igreja de S. Domingos de Carmões. No sentido ao dos ponteiros do relógio fomos descendo direito ao Braçal, onde se começa a ver as encostas vinhateiras da região. Algumas amoras e figos da índia marc

A vida transforma-nos mas não na totalidade

A vida transforma-nos mas não na totalidade. Ontem os meus olhos humedeceram-se e as lágrimas trouxeram as mesmas emoções e imagens que vivi em 22/07/1994. O primeiro gira-discos, a janela de luzes psicadélicas que iluminavam o quarto nas noites escuras, a capa do “Animals”, as letras passadas à máquina de fita pelo João que serviam depois á conversa entre nós em modo progressivo e experimental. A música sempre transformou a minha vida. Aparece quando estou alegre, quando tenho saudades, melancólico, desperto, curioso. Quando tenho tempo. "Se não ouvisses música enquanto estudas tinhas melhores notas" - dizia a minha mãe. Vezes sem conta. Algumas gosto,   outras passam de largo, a outras volto, outras descubro. Mas há aquelas que sempre me despertam os sentidos, me apontaram quem fui e sou. Os Pink Floyd são os únicos que não deixaram que a transformação fosse na totalidade. A que regresso para me amparar. Ontem o Roger Waters permitiu-me isso tudo. Nunca a c

Manifestações de igualdade de género

Há uma frase de Nietzsche que gosto particularmente – “a criança que somos não envelhece nem nunca morre no nosso inconsciente”. Confesso que tenho uma dose qb de machismo dentro de mim. Afinal nasci em 62 bolas!! Há-de envelhecer e morrer comigo. Conscientemente, acredito (e esforço-me por agir) que a igualdade de género é um comportamento que a todos enriquece (Maio de 68 em mim?). Como a religião. Ainda que a existência d’Ele pré-exista, acredito (e esforço-me por agir) que  se pode viver na felicidade sem a sua ubiquidade (obrigado Dawkins). É por isso que movimentos como “Me Too” ou as tshirts que os modelos do Nuno Gama passaram na Moda Lisboa parecem-me cair na patetice, não passando de manifestações dionisíacas (sem o verdadeiro sentido de criação de algo novo). – “existiriam se não houvesse redes sociais?”. Já às dúvidas de linguística (sintaxe) lembro-me sempre do artigo do RAP “Quem fala assim não é  gago”.

A morte da amizade a morte

Será muito difícil estabelecer uma relação de afecto e muito menos de lealdade. Ainda assim gostava que a morte fosse minha amiga. Seria uma relação de não reciprocidade, tenho a certeza. Eu teria algo para lhe oferecer mas ela estaria vazia em mim – “talvez por isso, nunca possa ser uma relação de amizade”. Mas gostava. Para que antes de entrar, batesse à porta, e pedisse licença. Dizem que quando a morte bate à porta o som é diferente de qualquer daqueles que a vida nos dá  a conhecer. É seco, profundo como se caíssemos no vazio. - Como estás hoje? Mostra-te lá. Não, hoje não entras! – aos amigos podemos-lhes dizer o que pensamos, à morte não porque não lhe conhecemos a cara. Mas gostava. Nem que fosse só para ela vir ter comigo e perguntar se podia ir bater à porta daqueles por quem a nossa memória nunca se esquece.

Separação

O filho veio almoçar com ele. Reformulou. " O meu filho veio buscar uns livros que mandou vir para a minha morada e, de caminho, almoçou comigo ". Como habitual, poucas palavras para conversarem no tempo que estão juntos.  " As nossas vidas estão ligadas pela consanguinidade, apenas, assim parece " - disse para consigo. “Sabes, vou a Barcelona no dia 6” – disse o herdeiro, sem mencionar que iria passar lá o dia dos seus anos e os da irmã.  " Mais um indício da distância que a ausência de palavras denuncia " - pensou ele novamente. " Outra concertação familiar “ - continuou - " Esta sensação de que a família deles se circunscreve ao lado maternal, reforça-se ". Lembrou-se da frase de Nietzsche – “…a criança que fomos não envelhece nem nunca morre no nosso inconsciente”. O tempo nem tudo cura. Principalmente aquilo que a educação confirma.

A evolução para a corrida natural

Há cerca de 6 meses, cansado de lesões, decidi “entrar” no conceito da corrida natural. O objectivo era reforçar os músculos ao nível dos gémeos e soleares. Depois de ler alguns artigos, comprei uns ténis intermediários que alternei com os que utilizava normalmente para uma melhor adaptação face às diferenças técnicas entre eles. Passado este tempo, verifiquei que o desgaste da sola destes tinha ocorrido ao nível do calcanhar (exactamente no mesmo sitio dos outros). Percebi que não tinha interiorizado correctamente o conceito e cometidos erros evitáveis. Voltei, novamente, a percorrer artigos sobre o assunto. Hoje fiz uma corrida procurando uma passada já dentro do conceito de corrida natural. E senti a diferença. Deixo aqui o meu testemunho sobre o assunto. Primeiro, a corrida natural é uma filosofia de corrida. Isto quer dizer que não é mais, nem menos, correcta do que qualquer outra. No meu caso, a zona de impacto faz mais sentido dentro desta filoso